“As pessoas têm sempre uma opinião limitada e limitadora sobre os outros. “Fulano não é capaz de fazer isso, ciclano não vai conseguir, ele é assim, assado...” Você mesmo já deve ter falado algo parecido ou ter sido alvo, sabendo ou não, de pensamentos formados a partir de percepções que temos sobre alguém e até sobre nós mesmos. Mas, talvez nem a gente se conheça o suficiente para prever comportamentos que possamos ter diante de situações desafiadoras, ainda mais quando se trata de algo que nós queremos para nós mesmos e nos propusemos a fazer. Vou dar um exemplo.
Ainda na faculdade, fui contratada na área de Comunicação em uma instituição, na cidade de Belo Horizonte (MG), cujo foco era trabalhar numa revista com circulação mundial. Eu estava empolgadíssima e comecei a dar meus primeiros passos como jornalista, incluindo seleção de conteúdo, revisão, realização de entrevistas, reportagens etc. De repente, caiu no meu colo uma função em que sou péssima, sou deficiente: fazer contas.
A coordenadora me intimou a realizar emissão de notas fiscais, calcular impostos e a fazer a contabilidade – e nem vou entrar no mérito de que tal função não tinha a menor relação com a vaga que eu ocupava. ‘Agora lascou-se’. Naquele momento, veio um natural pensamento castrador de que eu, que mais ou menos sabia tabuada, não seria capaz de realizar a função e perderia o tão almejado emprego em Comunicação. Coloquei em mim mesma a limitação, vinda de um conceito sobre euzinha aqui. Mas a minha vontade de continuar no trabalho na revista era tanto que fiz uma revisão sobre minhas capacidades. ‘Vou dar um jeito’. E busquei ajuda com as pessoas certas, que me ensinaram e, questão de dias depois, era eu que estava explicando à coordenadora como fazer um ou outro cálculo. Venci uma limitação porque me propus a fazer isso movida por algo em que eu acreditava, que eu sentia vontade de fazer. Não foi um desafio que me derrubou, e me descobri capaz de aprender a fazer contas, algo antes para mim impossível. Mais que isso, descobri que limites somos nós que impomos a nós mesmos, ainda que comecem de fora para dentro. Por exemplo, um filho que há pouco aprendeu a andar e resolve subir sozinho no escorregador, escuta da mãe: ‘Não, você vai cair’, E as mães puxam a criança dali. Que tal: ‘Vai, filho, tenta subir’, e ensine a ele o movimento da perna, dê a mão para ajudar na subida, segure a cintura para dar segurança, fique perto, acompanhando e incentivando o esforço dele. Pode ser que ele consiga, e isso fará dele confiante. Em você? Também. Mas, mais que isso, nele mesmo! Pode ser que ele escorregue e não consiga. E aí? Aí, você pode ensiná-lo a valorizar o esforço que ele empreendeu ali e mostrar que ele pode chegar lá e, quando chegar, terá prazer, alegria e motivação para o próximo desafio de subir uma árvore, depois escalar uma montanha, se ele quiser...
E se ele não conseguir nunca? E se eu não conseguir nunca? Se reinvente. Se você não pode usar as pernas para subir, quem sabe se descobre tendo asas! Trate seu filho como deficiente, e ele assim o será. Trate a você mesmo como deficiente, e assim você será. O que você quer ser? / Camila Castro – Blog Um em Mil”.
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